Quando falamos sobre as primeiras vacinas que uma pessoa recebe na vida, a vacina BCG quase sempre está entre as mais conhecidas. Administrada ainda na maternidade, essa vacina carrega décadas de história no Brasil e no mundo.
Mas, afinal, para que serve a vacina BCG? Por que ela é tão importante, mesmo em um tempo em que tantas outras vacinas surgem contra diferentes doenças?
Neste artigo, vamos explicar de forma clara para que serve a vacina BCG, como ela funciona, quem deve tomar, seus efeitos colaterais, e por que ela continua sendo fundamental na saúde pública, mesmo com as mudanças no cenário global de doenças infecciosas.
O que é a vacina BCG?
A sigla BCG significa Bacillus Calmette-Guérin, em homenagem aos pesquisadores franceses Albert Calmette e Camille Guérin, que desenvolveram a vacina em 1921. Ela é feita a partir de uma bactéria viva atenuada (enfraquecida) chamada Mycobacterium bovis, que é similar ao Mycobacterium tuberculosis, causador da tuberculose.
A vacina não causa a doença, mas estimula o sistema imunológico a se defender caso entre em contato com o verdadeiro agente da tuberculose.
Vacina bcg para que serve?
A vacina BCG é usada principalmente para prevenir formas graves de tuberculose, como:
- Tuberculose miliar (uma forma disseminada da doença, que afeta vários órgãos ao mesmo tempo).
- Meningite tuberculosa (inflamação das meninges causada pelo bacilo da tuberculose, especialmente grave em crianças pequenas).
Embora a vacina não impeça totalmente a infecção pulmonar causada pela tuberculose, que é a forma mais comum da doença, ela reduz significativamente o risco de complicações severas e mortes em crianças.
Qual é a importância da vacina BCG?
A tuberculose ainda é uma das doenças infecciosas mais letais do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a doença persiste em países em desenvolvimento — incluindo o Brasil — devido a fatores como:
- Desigualdade social.
- Falta de acesso a serviços de saúde.
- Más condições de moradia e saneamento.
- Infecções associadas, como HIV.
A vacina BCG, por ser de baixo custo e fácil aplicação, continua sendo essencial para a prevenção, principalmente em recém-nascidos e crianças pequenas, que estão mais vulneráveis às formas graves da doença.
Quem deve tomar a vacina BCG?
Recomendações do Ministério da Saúde (Brasil):
- Todos os recém-nascidos, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade.
- Caso não tenha sido aplicada ao nascer, pode ser administrada até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade.
- Crianças maiores e adultos não são vacinados rotineiramente, a não ser em situações específicas de risco, como profissionais de saúde ou pessoas que convivem com pacientes com tuberculose ativa.
Importante:
A vacinação não é repetida. Uma única dose é considerada suficiente para a proteção. Antigamente, era comum revacinar, mas hoje sabe-se que a segunda dose não traz benefício adicional.
Como é a aplicação da vacina?
A vacina BCG é aplicada de forma intradérmica, ou seja, na pele do braço direito, de forma superficial. Isso é feito por um profissional de saúde capacitado, normalmente em maternidades ou unidades básicas de saúde.
Após a aplicação:
- Surge uma pequena pápula (elevação da pele).
- Com o tempo, pode formar uma feridinha que se transforma em uma cicatriz característica da vacina.
- Essa cicatriz não deve ser motivo de preocupação — é esperada e indica que a vacina foi eficazmente administrada.
Efeitos colaterais da vacina BCG
De maneira geral, a BCG é muito segura. Os efeitos colaterais mais comuns incluem:
- Vermelhidão e inchaço no local da aplicação.
- Formação de uma úlcera pequena, que cicatriza espontaneamente em algumas semanas.
- Formação de linfonodos (ínguas) axilares, que desaparecem sozinhos na maioria dos casos.
Em raríssimos casos, podem ocorrer reações adversas graves, como infecção no local da aplicação, abscesso ou disseminação da bactéria (especialmente em imunossuprimidos). Por isso, é importante respeitar as contraindicações.
Quem não deve tomar a vacina BCG?
Apesar de ser segura, existem situações em que a BCG não deve ser aplicada:
- Recém-nascidos com peso inferior a 2 kg: a vacinação é adiada até que atinjam peso adequado.
- Pessoas com imunodeficiência, incluindo:
- Pacientes com HIV sintomático.
- Uso de medicamentos imunossupressores (como quimioterapia ou corticoides em altas doses).
- Pacientes com HIV sintomático.
- Crianças com doenças de pele graves no local de aplicação.
- Recém-nascidos de mães HIV-positivas devem ser avaliados individualmente, pois podem ter maior risco de efeitos adversos.
A vacina BCG ainda é necessária hoje em dia?
Essa é uma pergunta comum, especialmente entre pais preocupados com a quantidade de vacinas aplicadas logo após o nascimento. A resposta é sim — a vacina BCG ainda é extremamente necessária, principalmente no Brasil e em outros países com alta prevalência de tuberculose.
Mesmo com avanços no tratamento e controle da doença, o Brasil ainda registra dezenas de milhares de casos de tuberculose por ano.
Além disso, a BCG tem um papel importante na redução da mortalidade infantil por doenças infecciosas graves.
Em países onde a tuberculose foi praticamente erradicada, como os Estados Unidos e alguns países da Europa, a vacinação com BCG não é mais obrigatória. Porém, no Brasil, ela continua fazendo parte do Calendário Nacional de Vacinação.
Curiosidades sobre a vacina BCG
- A cicatriz deixada pela BCG é tão característica que já foi usada em estudos para estimar cobertura vacinal em populações.
- O Brasil é um dos países que produz a vacina BCG, por meio da Fundação Ataulpho de Paiva (Fiocruz).
- A vacina BCG também tem sido estudada por possíveis efeitos protetores contra outras doenças, como hanseníase, infecções respiratórias e até COVID-19 (embora ainda sem evidência conclusiva).
A vacina BCG é um dos pilares da saúde pública infantil no Brasil. Sua principal função é proteger as crianças contra formas graves de tuberculose, como meningite e tuberculose miliar, que podem ser fatais.
Apesar de ser uma vacina centenária, ela continua sendo extremamente relevante, especialmente em países onde a tuberculose ainda é um problema de saúde pública. Aplicada logo nos primeiros dias de vida, a BCG oferece uma proteção fundamental e duradoura.
Se você é pai ou mãe, ou está esperando um bebê, lembre-se: a BCG é uma das primeiras defesas que seu filho terá contra doenças graves. Converse com o pediatra, verifique o Cartão de Vacinação e garanta essa proteção desde o início da vida.